
A zona de Santa Maria da Vila esconde a maior paróquia e freguesia intramuros do Castelo de Montemor-o-Novo (veja a nossa proposta de reconstrução virtual). Esta englobava a zona central da vila e as estruturas públicas mais importantes como a câmara, a cadeia, a praça principal e o pelourinho, para além de uma enorme zona reservada para habitações. Foi parte dessa zona que foi colocada a descoberto, entre 2003 e 2012, através de escavações arqueológicas sob a direção da arqueóloga Manuela Pereira. Para além de várias habitações identificadas, com várias estruturas associadas, uma das extremidades da zona escavada surgiu um edifício de grandes dimensões, entretanto identificado como cadeia.
Na escavação do núcleo habitacional, junto da Rua da Vila, surgiu aquilo que à época se podia designar como habitações com dimensões consideráveis, com dois pisos e diversas divisões interiores. Para além da função habitacional, estas casas teriam, pelo menos numa primeira fase de ocupação, uma função comercial. A divisão de entrada seria, por isso, dedicada ao comércio. A restante casa desenvolver-se-ia para trás com divisões menores de suporte às atividades comerciais e artesanais, como zonas de armazenagem de materiais. Algumas teriam ainda a sua cisterna de recolha e armazenamento de águas pluviais para aproveitamento próprio.
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Comparação entre o ortofotomapa realizado em Abril de 2019 (Global Digital Heritage) e o realizado em Setembro de 2019 (GEODRONE).
As escavações, desde 2015, têm sido documentadas por várias vezes recorrendo à aerofotogrametria (em parceria com a empresa GEODRONE e a fundação Global Digital Heritage) para acompanhamento da sua evolução ao nível da conservação. A aerofotogrametria é uma técnica fundamental no método de trabalho para a salvaguarda e registo do património histórico, que utiliza drones e a fotografia aérea para a obtenção de modelos 3D e de ortofotos do objeto a documentar. Na zona das escavações arqueológicas, foram executados levantamentos aerofotogramétricos em 2015, 2017 e, por duas vezes, em 2019.
As condições de conservação das estruturas colocadas a descoberto estavam a degradar-se drasticamente pela exposição às condições climatéricas e ao fluxo turístico. Face a isso, durante o verão de 2019, foi executada uma campanha de conservação e restauro pela empresa ArqueoHoje financiado através da operação Centros de Acolhimento Turístico e Interpretativos de Évora e Alentejo Central (ALT20-08-2114-FEDER-000125). Foi feita uma limpeza das estruturas, estabilização de muros e argamassas, assim como executado o alteamento de vários muros para contenção de águas e reforço estrutural.
Compare no visualizador interativo, em baixo, a evolução das escavações arqueológicas desde 2017 até 2019.