
As festas e feiras, durante o período medieval, assumiram sempre uma forte componente religiosa e de ligação com o sagrado. Esta foi uma prática que se prolongou já, no nosso país, depois do renascimento e até à contemporaneidade.

Para além da habitual Feira da Luz de Montemor-o-Novo de que todas as gerações se recordam, as gerações mais velhas (e não tão velhas assim) recordam-se também da Feira de Maio que acontecia sempre no primeiro fim-de-semana deste mês.
Esta feira, que entretanto abandonou o calendário montemorense, terá tido a sua origem há 442 anos quando, vindo da Alemanha, Fernão Martins de Mascarenhas trouxe duas relíquias e as ofereceu ao Convento de São Francisco.

Fernão Martins de Mascarenhas era alcaide-mor da vila de Montemor-o-Novo. Vindo do Concílio de Trento, o alcaide-mor recebeu uma oferta do Imperador Fernando da Alemanha, irmão de Carlos V. Uma oferta mencionada pelo cronista da ordem franciscana que descreve o contrato de compromisso para as relíquias do apóstolo São Filipe e do seu companheiro e mártir.
As relíquias foram então colocadas na capela mor da Igreja do Convento de São Francisco, fechadas com três chaves, por Fernão Martins de Mascarenhas, Francisco do Regó e Francisco Caldeira, vereadores da vila de Montemor-o-Novo em 1577.
No dia do Apóstolo São Filipe, a 3 de Maio, as relíquias eram transportadas em procissão até à Ermida de Nossa Senhora da Luz sendo depois aí veneradas pela população. À procissão seguia-se uma feira franca de três dias.
A imagem que partilhamos é uma proposta de recriação de como seria a procissão das relíquias de São Filipe e que seguia desde o Convento de São Francisco até à Ermida de Nossa Senhora da Luz.